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Luís Virtual

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13 de Dezembro, 2014

“Há quem se cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de falar”

Luís Martins

“Há quem se cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de falar”(Eclo 20,6)



Note como Deus fez a natureza silenciosa, calma e produtiva. Não sentimos e nem vemos a planta crescer, mas cresce sem cessar, no silêncio. Uma floresta inteira cresce sem fazer barulho. É no silêncio que a natureza produz suas maravilhas: a flor que se abre, a borboleta que deixa o casulo, a fruta que amadurece, a criança que se desenvolve, as trilhões de estrelas que brilham… A natureza não tem pressa.





Tudo acontece no silêncio, como numa bela sinfonia. É por causa do silêncio que tudo existe: a música surge do silêncio; a arte nasce dele; a inspiração, a poesia e a bela música, surgem no silêncio; nós a escutamos porque fazemos silêncio; e ela vai além de nós. Onde cessa a fala começa a música.


Quem se arrisca a falar sem aprender no silêncio, se arrisca a ensinar coisas erradas. O autor da “Imitação de Cristo”, o monge Thomas de Kemphis, disse que “ninguém fala com segurança, senão quem sabe se calar.” A sabedoria nos vem da meditação e da oração, e essas duas realidades só podem acontecer no silêncio. O silêncio dos homens às vezes está mais perto da verdade do que suas palavras.


Os homens se gastam tanto em palavras que não entendem o silêncio de Deus. Ele fala no silêncio. É na medida que a alma recebe no silêncio, que ela dá na atividade. Madre Teresa de Calcutá disse que: “Quanto mais recebermos do silêncio da oração, mas nos entregamos a uma vida ativa. Temos necessidade do silêncio para tocar as almas.”


O religioso que não aprendeu a silenciar, meditar e rezar, acaba caindo no ativismo doentio e frustrante. Ele pode até semear com abundância, mas a semente é estéril, não germina.


É tão rara a paz divina nos corações dos homens porque não sabem encontrar-se com Deus na própria alma, em silêncio. E ninguém toca os corações dos homens e enriquecê-los, sem primeiro abastecer-se a si mesmo, por uma vida interior em Deus, no silêncio. Para serem ajudados espiritualmente, os homens não precisam de simples homens, mas de “homens de Deus”. Somente aqueles que são fortes pelo contato com o “Hóspede da alma”, podem ir sem receio e firmes ao encontro das criaturas para socorre-las, nos ensina Raul Plus.

Jorge Duhamel queria criar o “Parque nacional do silêncio”. Infelizmente nossa era de máquinas não nos deixa apreciar o silêncio, e nosso coração fica cansado porque não entra em si mesmo.


O amor se exprime mais pelo silêncio do que pelas palavras. É sabedoria saber se calar até o tempo certo de falar. André Maurois disse que os homens temem o silêncio como temem a solidão, porque ambos lhes dão uma visão do terrível vazio da vida. Mas esse vazio só pode ser preenchido, quando, no silêncio e na meditação, encontramos a sua causa e nos fortalecemos para superá-lo. Ele é o remédio que o homem moderno não compra nas farmácias.


Muitos se agitam no mundo e quebram o precioso silêncio. Pois bem, há um provérbio alemão que diz que: “A melhor resposta à cólera é o silêncio”. Voltaire avisava aos cortesãos do rei francês que, “na corte, a arte mais importante não é a de falar bem, mas a de saber calar-se.”


O fato do silêncio ser de ouro explica porque ele é tão raro. A Palavra de Deus diz que: “Há quem se cala por não saber falar, e há quem se cala porque reconhece quando é tempo de falar”(Eclo 20,6).


Ghandi ensinava que o silêncio faz parte da disciplina espiritual de um seguidor da verdade. “Sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio”, dizia. Alguém observando um surdo-mudo disse que ao lado dele é que se percebe como são poucas as palavras que merecem ser ditas.