21 de Dezembro, 2014
Alergia a alimentos pode piorar o humor e causar até depressão
Luís Martins
Saúde
Industrializados, leite e frutos do mar são os que mais causam problemas. Sintomas aparecem em 7 dias
Alergia a alimentos pode causar tristeza e depressão
Vômito, diarreia, dor de barriga e a vermelhidão que cobre a pele não são os únicos sinais desagradáveis que podem aparecer após a ingestão de alimentos que não fazem bem ao corpo. Existe um tipo de intoxicação alimentar, menos comum, que afeta direto o cérebro.
As sequelas podem ser enxaquecas, transtornos de humor, tristeza, irritabilidade e depressão. O mal que começa pela boca pode ter origem em um inofensivo copo de leite ou numa apetitosa porção de camarão, afirmam os especialistas.
“Esta alergia alimentar cerebral tem efeito retardado, porque os sinais negativos no sistema nervoso central podem demorar entre cinco e sete dias para aparecer”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina Biomolecular”, José de Felippe Júnior.
A demora para os sintomas surgirem e o fato deles atacarem uma área do organismo não associada à comida fazem com que as pessoas convivam anos com o problema sem se darem conta de que uma dieta mais específica poderia solucionar estes efeitos negativos da alimentação.
“Temos casos descritos na literatura de pacientes que até desenvolveram transtornos de pânico por causa de alimentos. Os especialistas costumam considerar que tratam-se de distúrbios psíquicos e nem levam em conta que origem pode ser uma alergia alimentar”, alerta Felippe Júnior.
Os mais alergênicos
A nutricionista clínica de São Paulo Denise Nogueira explica que a relação entre a alimentação e as manifestações de humor acontece porque uma das áreas afetadas é a que produz o hormônio serotonina, responsável pela sensação de bem-estar.
“É uma reação em cadeia. Alguns alimentos desequilibram o sistema gastrointestinal, responsável pela produção da serotonina”, explica.
“Este desequilíbrio pode provocar os dois extremos do humor: hiperatividade ou depressão, um efeito acumulativo e não imediato.”
Este tipo de alergia cerebral depende do organismo de cada pessoa, mas alguns alimentos têm maior potencial alergênico. “Os industrializados são os mais tóxicos. São nocivos desde o pacote de bolacha até os potencializadores de sabor, que a pessoa coloca na panela durante o preparo de arroz, feijão ou carne”, alerta Denise Noguera.
O presidente da Associação Brasileira de Medicina Biomolecular acrescenta que o leite, o glúten, a soja e os frutos do mar também são os recordistas de alergia. “E o corpo humano costuma pregar peças. Geralmente, as comidas mais apreciadas pelo paladar são as mais prejudiciais para quem tem alergia”, afirma Felippe Júnior. “Nestes casos, quando o desencadeador é identificado, não há alternativa a não ser a retirada do produto do cardápio”, completa.
Abstinência
atriz mudou a dieta para sanar as crises de enxaqueca estrela da novela Ti-ti-ti, foi uma das que usou o controle alimentar diferenciado para sanar crises de enxaqueca. A nova dieta, segundo declarou a artista, não apenas a auxiliou a driblar as crises de enxaqueca como, de quebra, fez com que a bela eliminasse sete quilos em cerca de seis meses.
José de Felippe Júnior afirma que o emagrecimento é consequência secundária na definição do novo perfil de alimentação, quando o foco é sanar sintomas cerebrais e psíquicos.
“O primeiro trabalho é identificar quais alimentos fazem mal. O segundo é a reeducação. Como costumam ser apreciados pelos pacientes, alguns deles chegam a ter até síndrome de abstinência com a suspensão do consumo.”
Perigo no prato
Seja por conterem substâncias venenosas ou por apresentarem alto risco de alergia, alguns alimentos são perigosos para a saúde
Amendoim está entre os alimentos com maior risco de reações alérgicas
Intoxicação ou alergia alimentar podem ser tão perigosas à saúde quanto um envenenamento. O problema pode se manifestar como uma simples coceira na pele ou como uma fatal alteração na circulação sanguínea.
Em casos mais graves, dependendo da porção ingerida ou da toxidade do alimento, pode haver choque anafilático (uma queda rápida da pressão arterial) e interferência na capacidade respiratória do indivíduo.
“Os produtos que podem causar alergia estão mais relacionados à intolerância individual, mas alguns são mais recorrentes do que outros”, afirma Anita Sachs, do departamento de medicina preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O iG Saúde listou os alimentos mais perigosos à sua saúde, fique de olho:
Amendoim
Como aperitivo ou para incrementar pratos e sobremesas, este ingrediente pode causar reações fatais. O amendoim está entre os cinco alimentos mais alergênicos e causa, só nos Estados Unidos, 15 mil internações e 100 mortes por ano. Semelhante às demais reações alérgicas, os sintomas mais comuns são coceiras e vermelhidão na pele, formigamento ao redor da boca, diarreira, náusea, vômitos e dificuldade para respirar (em casos mais graves).
Um dos motivos para números tão altos, apontam os especialistas, é que nem sempre a utilização de amendoins é alertada em cardápios ou composição de industrializados.
Novas pesquisas relacionam o surgimento do problema com a gravidez ou lactação, por isso, recomenda-se que as mulheres evitem este alimento durante a gravidez e a amamentação.
Cogumelo
Acredita-se que existam cerca de 60 mil espécies de cogumelo em todo o mundo. Embora 80% sejam comestíveis, cerca de 4,5 mil são venenosos. É possível tratar um envenenamento por esse alimento caso ele tenha sido ingerido em pouca quantidade. No entanto, doses mais altas podem causar danos irreversíveis para rins, fígado e coração, podendo levar à morte. Os sintomas de envenenamento são vômitos, sede intensa e dor abdominal. Por isso, é preciso muito cuidado ao consumi-los. Os especialistas recomendam ater-se às variedades mais conhecidas como o paris, o shimeji e o shiitake.
Presunto cru ou defumado
O presunto pode ter um bacilo chamado “Clostridium botulinum”, que causa uma intoxicação específica não tão desconhecida: o botulismo. Seus sintomas vão de diarreia, dores de cabeça e vômitos a visão dupla, perturbação do olho e até a parilisia dos músculos respiratórios, levando à morte.
“Para evitar esse tipo de problema, a recomendação é dar o tratamento térmico adequado às conservas, manter os produtos em locais frescos, e sempre utilizar matérias-primas de boa qualidade”, indica a nutricionista Gabriella Guerrero, da consultoria Nutriessencial.
Queijo coalho e outros derivados do leite
O cheiro do queijo na brasa chega a dar água na boca. Mas quem não resiste ao vendedor que passa pela praia com o famoso quitute, pode estar correndo um risco. “Se não for de boa qualidade e conservado adequadamente, qualquer produto derivado do leite pode resultar em brucelose”, avalia a nutricionista Anita Sachs.
Os primeiros sinais são suor excessivo, febre e calafrios. A progressão da doença, causada pela bactéria Brucella, costuma ser lenta, mas dificilmente é fatal. Se não for tratada, pode trazer problemas nas articulações e na visão. A recomendação é utilizar somente leite e derivados pasteurizados e de procedência conhecida.
Cachorro-quente só em casa ou em restaurantes de confiança
Cachorro-quente
O maior problema com relação ao cachorro-quente é seu alto índice de contaminação: ele está entre os cinco alimentos mais contaminados, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), do governo do Estado de São Paulo. O perigo, neste caso, está na salsicha, que pode contar a bactéria Listeria monocytogenes e causar diarreia e fortes cólicas abdominais.
A sugestão é não consumi-lo em carrinhos ou quiosques de rua. Se bater aquela vontade, faça um lanche em casa ou procure um estabelecimento de confiança.
Ostras
Consumidas ao natural, as ostras representam um risco potencial para a saúde. “Elas se alimentam filtrando partículas e germes em suspensão na água, acumulando bactérias do gênero Vibrio, que causam infecção como a gastrenterite, isto é, inflamação do estômago e intestinos”, alerta Gabriella Guerrero.
Além disso, pode haver problemas na conservação do alimento. Observar a higiene e as condições de armazenamento do local são essenciais para evitar maiores transtornos. Os principais indícios de uma intoxicação por ostra são febre, náuseas, vômitos e diarreia.
Carpaccio e outras carnes cruas
A toxoplasmose, doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, pode ser resultado do consumo de carnes mal passadas ou cruas. Em geral, apenas 10% dos infectados apresentam algum sintoma, que costuma ser uma inflamação nos gânglios. No entanto, no caso de pessoas com resistência imunológica baixa a doença se manifesta com dores de cabeça, nos músculos e articulações, cansaço e, em casos graves, alterações visuais e comprometimento da retina (cegueira).
Ovo
A salmonelose é a contaminação mais conhecida pelos brasileiros e, em geral, está relacionada à ingestão de ovo mal cozido. Segundo o biomédico Roberto Figueiredo, um em cada 200 ovos em uma granja pode conter a Salmonella. No entanto, a doença também é transmitida por meio de outros alimentos de origem animal como o leite e a carne. Diarreia, dor na barriga e febre são os principais sintomas e se manifestam 12 a 72 horas após a infecção. É preciso ficar atento para que não haja desidratração do organismo. A dica é optar pelo produto pasteurizado.